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O que só tu e eu e pouco mais entende

Eu não sei escrever, apenas tenho muitas, muitas histórias! by Nessie

O que só tu e eu e pouco mais entende

Eu não sei escrever, apenas tenho muitas, muitas histórias! by Nessie

Eu é que sei onde fica Fátima

Tenho muitos defeitos, mas não me podem dizer que não tenho sentido de orientação.

Adoro pessoas que não têm sentido de orientação nenhum.

Não me perguntem se sei virar a norte, ou a este. Mas sei ler placas! Adoro ver um mapa quando quero ir para algum lugar que não conheço. O GPS é muito útil, mas não tem graça nenhuma, torna as coisas simples demais…

Uma senhora que conheço muito bem e de quem gosto muito, não tem sentido orientação absolutamente nenhum. Agora ponham esta senhora num carro com mais três pessoas que também não têm sentido de orientação. É uma aventura. Até digo mais, é um acto de coragem. Eles até podiam no entusiasmo ir dar ao Algarve!

Numa ida a Fátima pela estrada nacional, todos contentes, porque não é todos os dias que vão dar um passeio, estando a correr tudo bem e seguindo na direcção certa, numa maldita rotunda, (que consegue desnortear qualquer pessoa), perderam o norte e começaram a voltar para trás.

Uma alminha que devia ser a mais inteligente dentro da viatura, pergunta:

- Olha que estamos enganados. Os pederguinos (para nós peregrinos, esta pessoa não prima pelo bom português) vão em sentido contrário!

Isto aconteceu numa altura em que iam muitos peregrinos em direcção a Fátima.

Ao que respondem, depois de se terem cruzado ao longo do caminho por eles.

- Pois eles é que vão mal, que eu já passei aqui muitas vezes e continuaram a andar…

Mais uns quilómetros e chegavam a casa. Todos iam engados, menos eles.

Conclusão: devia-se acabar com as rotundas.

Ui. Ca bom!

O que eu mais gosto depois de sair do ginásio de língua de fora, depois de um treino duro: saber que no dia seguinte não ponho lá os pés!!

É pa´. Cala-te!

Faz-me uma certa comichão pessoas que conseguem falar durante 1 hora e não dizer nada.

Da boca delas saem palavras é verdade, mas no final vai-se a ver e não disseram nadinha.

Estas pessoas são comunicativas e divertidas? NÃO!

São chatas e maçadoras e limitam-se a abrir a boca e falar. Às vezes entendo melhor o ladrar da minha cadela! Fará sentido?

Com os anos consegui arranjar um interruptor para desligar nessas alturas. O meu cérebro continua a trabalhar, mas divaga por outras bandas, tento ter pensamentos bons, pensar em passarinhos, em como o dia está bonito, ou, se me esqueci de fechar a porta à chave, ou até o que irei fazer para o jantar desse dia, a aguardar impacientemente que a pessoa se cale…

Mas, felizmente as pessoas não são todas iguais. Estas pessoas hão-de fazer muita falta a alguém. Como seriam duas pessoas que, quando não têm nada para dizer ficam caladas? (como eu). Limitavam-se a disfrutar da companhia uma da outra e isso passado algum tempo pode tornar-se estranho.

Como não sou uma pessoa má e desprovida de sentimentos deixo as pessoas falarem. Querem falar, falem, mas será que não conseguem ver pela minha cara (que não consegue mentir), que eu estou-me nas tintas para a porcaria da conversa? Gostava de ver a minha cara nessas altura.

Boring…

O fim

“O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela.” (Fernando Pessoa)

Eu desejo matar a morte e mandá-la para o Inferno.

Este ano (e ainda estamos em Julho) morreram 3 pessoas que me eram próximas. Fora as que conhecia (aí então é só fazer contas de sumir).

Com este número fabuloso até tremo só de pensar o que possa ainda mais vir.

Tive a “sorte” de perder o meu avô aos 31 anos. Só nessa altura conheci então a Senhora Dona morte, portanto já adulta. Mas, o que é certo é que ser adulta não ajuda em NADA lidarmos com o facto de nunca mais voltarmos a ver uma pessoa.

A palavra morte é feia e difícil de aceitar. As pessoas têm razão quando dizem: “Se ninguém morresse onde caberíamos todos?”, ou, “A vida é mesmo assim, faz parte do viver”, ou “tudo acaba”, blá, blá blá.

A palavra velório é muito feia. As casas mutuárias são feias. As pessoas todas a darem-nos os sentimentos é feio. A morte é feia. É tudo feio.

Como se não fosse já mau a morte em si, tudo o que a envolve é muito triste e deprimente, parece feito para deitar ainda mais as pessoas abaixo, para massacrar ainda mais.

Morre-se. Vela-se o corpo. Como que uma penitência, está-se um dia inteiro a olhar para uma pessoa morta e estamos sempre a olhar para ela porque sabemos que será última vez, como que a aproveitar os últimos momentos com ela. As pessoas mais afastadas do familiar sempre a olhar para nós, com aquela cara que todos nós já fizemos em algum lugar. É obrigatório dar os pêsames a todos os familiares próximos e agradecer a presença. O cortejo fúnebre; o funeral em si; as flores; o caminho até ao cemitério e a pessoa ser enterrada, as despedidas é tudo bastante deprimente e horrível. ODEIO.

Devia-se morrer e acabava logo ali.

O que me marcou mais neste dia até foi beijar o meu avô. Nunca tinha tocado numa pessoa morta, disse a mim mesma que nunca mais o faria e voltei a faze-locom a minha avó. Fiz aquilo com muita naturalidade e à vontade mas a sensação foi horrível. É como beijar uma pedra. É como se a pessoa que está no caixão não fosse a pessoa que conhecemos. Como se fosse um boneco. Até a cara é diferente.

Não me consigo despedir das pessoas.

Eu desejo matar a morte e mandá-la para o Inferno.